Nos últimos anos o funk tem transcendido as fronteiras das periferias brasileiras como um dos gêneros mais consumidos no país e ganhando inclusive projeção internacional.
Com números expressivos e uma representatividade crescente, o estilo já é um símbolo cultural do país.
Murillo Conventi, CEO e fundador da Som Star Produtora, reconhecido por revelar grandes nomes do funk nacional, relata que a difusão do funk tem modificado a realidade de muitos jovens. “Há alguns anos ouvíamos que o maior sonho dos jovens era ser jogador de futebol. Hoje a música, especialmente o funk, tornou-se uma das principais escolhas. Isso abre um leque de oportunidades, não só para artistas, mas para toda uma rede de profissionais como produtores, empresários e criadores de conteúdo”, comenta Murillo.
Crescente numérica
Os números confirmam essa explosão cultural. De acordo com uma pesquisa conduzida por Leonardo Morel e Vitor Gonzaga dos Santos e publicada na Revista Observatório, o funk e o rap tiveram um aumento de 200% na lista de músicas mais ouvidas no Spotify entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022.
Um levantamento do próprio aplicativo Spotify aponta que o consumo de playlists do gênero cresceu 3.421% fora do país nos últimos dois anos. Desde 2016, o aumento global foi de 4.694%.
Murillo acredita que esta visibilidade global não é apenas um reflexo do talento brasileiro, mas também do poder de conectividade das plataformas digitais. “Estamos vivendo a democratização da música. Antes os grandes estúdios decidiam quem faria sucesso, atualmente as redes sociais e os serviços de streaming são as vitrines para novos talentos, permitindo que artistas das comunidades se conectem diretamente com o público”, afirma.
A ascensão do funk reflete uma mudança mais ampla na cultura brasileira: a valorização de histórias e narrativas periféricas.
Para Murillo Conventi, o futuro é promissor: “Estamos apenas no começo. O funk tem tudo para se tornar um dos maiores patrimônios culturais do Brasil”, finaliza o produtor.
